Dona de amores e destinos trágicos, numa vida cheia de fatos, no mínimo, bizarros e novelescos (mexicanos), temos Edith Piaf, ícone da música francesa por toda eternidade, intérprete de canções cheias de amor, amargura, dor e esperança. O que a torna ainda mais especial e verdadeira, é que ela mesma vivencia os conteúdos das letras que interpreta. Todas remetem, direta ou indiretamente, a momentos de sua vida e suas emoções.
E assim como seus dramas, Edith Piaf também é pesada, por ser uma menina que deixa de ser cantora de rua para se tornar uma Diva de amores malfadados, e com gosto pela autodestruição no álcool e nas drogas. E o filme dá conta de mostrar todos esses lados sem julgamento algum. Não se trata de uma cinebiografia romanceada, ou excessivamente reverente - como a de Cazuza, por exemplo. O diretor se propõe a fazer um retrato mais próximo da realidade, escolhendo eventos específicos para enfatizar Edith Piaf como quem realmente era - alguém que nunca viu separação entre a persona dos palcos e a "vida real", cuja arte refletia sua própria vida e vice-versa.
Mesmo com todas as boas atuações, os olhos realmente se voltam à Marion Cotillard, que ganhou o Oscar de melhor atriz - merecidamente - pela sua interpretação MAGNÍFICA de Piaf. Sua interpretação é tão rica de detalhes, que é impossível ver uma atriz ali. Ela chega a reproduzir fielmente todos os trejeitos, expressões, jeito de andar e falar, o modo tirânico de tratar todas as pessoas que ama, sua filosofia de vida de não se arrepender de nada, até mesmo o jeito de se apresentar no palco. É de tirar o fôlego.
Ao final do filme, o espetáculo da voz e personalidade de Edith Piaf se encerra. Triunfante. Os créditos passam em absoluto silêncio, reverentes. As luzes da sala se acendem, e TODOS os presentes estão às lágrimas. E é isso que eu chamo de cinema!