Estava organizando uns papéis meus, e descobri umas antigas anotações que eu achava que estavam perdidas. Eram umas frases copiadas de livros que li, não de todos, mas os que eu julgava dignos de serem lembrados, e fui imediatamente colocá-las no meu caderninho de frases. Sim, eu tenho um, comecei a copiar coisas de livros e filmes que achava interessante aos 14 anos, mas passei um bom tempo sem fazê-lo, e há uns anos tenho retomado o hábito.
Quando fui passar as frases das folhas antigas para o caderno, tornei a lê-lo e revi anotações minhas de um livro maravilhoso, e como algumas vezes eu me dou o direito de dar dicas de livros por aqui, hoje vou indicar mais um: Fahrenheit 451 por Ray Bradbury.
Talvez muitos já tenham visto o filme, de mesmo nome, do Truffaut (eu não vi ainda, toda vez eu pego pra ver, mas nunca assisto!).
Não sou muito de ler ficção científica, mas desde que li Admirável Mundo Novo (se é que se pode resumir esse livro a um gênero), que leio livros parecidos, como 1984 (George Orwell), Não verás país nenhum (Ignácio Loyola de Brandão), Fahrenheit 451…
Fahrenheit 451 foi escrito em 1953 e descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura. Tudo é controlado e as pessoas só tem conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre. Os bombeiros tem como atividade queimar os livros que são encontrados. Até que um dia, um dos bombeiros, Montag, conhece uma menina e começa a questionar sua profissão e a sociedade. E o resto… é melhor você ler!
E só pra aguçar a curiosidade dá uma lidinha nesses trechos que eu coloco logo abaixo (são os que estão no meu caderninho).
Ah, e como pode ser ruim um livro que fala sobre livros? E o melhor é que a única edição brasileira vendida atualmente é uma versão de bolso, ou seja, baratinha, baratinha. ;)
‘Deve haver alguma coisa nos livros, coisas que não podemos imaginar, para levar uma mulher a ficar numa casa em chamas; tem que haver alguma coisa. Ninguém se mata a troco de nada’
‘Deixar você em paz! Tudo bem, mas como eu posso ficar em paz? Não precisamos que nos deixem em paz. Precisamos realmente ser incomodados de vez em quando. Quanto tempo faz que você não é realmente incomodada? Por alguma coisa importante, por alguma coisa real?’
‘Todos devemos ser iguais. Nem todos nasceram livres e iguais, como diz a Constituição, mas todos se fizeram iguais. Cada homem é a imagem de seu semelhante e, com isso, todos ficam contentes, pois não há nenhuma montanha que os diminu, contra a qual se avaliar. Isso mesmo! Um livro é uma arma carregada na casa vizinha. Queime-o. Descarregue a arma. Façamos uma brecha no espírito do homem. Quem sabe quem poderia ser alvo do homem lido?’
‘Você precisa entender que nossa civilização é tão vasta que não podemos permitir que nossas minorias sejam transtornadas e agitadas’
‘Será porque estamos nos divertindo tanto em casa que nos esquecemos do mundo? Será porque somos tão ricos e o resto do mundo tão pobre e simplesmente não damos a mínima para sua pobreza? Tenho ouvido rumores; o mundo está passando fome, mas nós estamos bem alimentados. Será verdade que o mundo trabalha duro enquanto nós brincamos? Será por isso que somos tão odiados?’
‘Eu não falo de coisas, senhor. Falo do sentido das coisas. Sento-me aqui e sei que estou vivo’
‘Os livros servem para nos lembrar quanto somos estúpidos e tolos. São o guarda pretoriano de César, cochichando enquanto o desfile ruge pela avenida: – Lembre-se, César, tu és mortal. A maioria de nós não pode sair correndo por aí, falar com todo mundo, conhecer todas as cidades do mundo, não temos tempo, dinheiro ou tantos amigos assim. As coisas que você está procurando, Montag, estão no mundo, mas a única possibilidade que o sujeito comum terá de ver noventa e nove por cento delas está num livro’
‘Se você esconder sua ignorância, ninguém lhe baterá e você nunca irá aprender’
‘Tudo está bem quando tudo acaba bem’
Tão antigo e tão atual... INDICO!