Quando a morte acontece, até que a gente se acostume, ela se repete muitas e seguidas vezes. Ao acordar no dia seguinte, está lá a morte novamente. A cada lembrança, outra morte. E a morte de novo, de novo, de novo e mais uma vez. Até que em nós ela morra de fato — e isso demora. Algumas vezes ela vem mais forte, mais avassaladora, e te dá uma rasteira doce e certeira.
Para mim, a morte se renova a cada Natal, a cada 19 de agosto e 22 de outubro, a cada reunião de família e a cada dia das mães.
Minha mãe sempre gostou de rosas vermelhas, e eu herdei esse gosto dela assim como outras tantas coisas. Fui visitá-la e parabenizá-la pelo seu dia, e, como boa filha, levei as rosas que ela tanto gosta. Não dei e nem recebi abraços, beijos e nenhum olhar carinhoso. Coloquei as flores sobre um gélido mármore, olhei para uma foto borrada pelo tempo, e disse aos prantos: Feliz Dia das Mães.
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