Que de meus irmãos vi trechos de filmes,
livros, discos, secos, molhados, laranjas, mecânicas, corpos que falam,
escondida atrás da poltrona. Que de minhas primas assisti amores, sandálias de
tiras, secadores barulhentos, espelhos indecisos, portões e eu te amos. De meus
pais ouvi vozes sem brilho, silêncios velados, o som alto da TV e uma resignada
ordem das coisas - mas no meio disso tudo eu vi amor. Quero lhe dizer que de
mim mesma vi muito e tanto, sem saber o que fazer com. Que de mim mesma escrevi
tentando ler. Que do tempo entendi sermos feitos de medos iguais. Que dos fins,
vi começos. Que, das férias, vi ilusões. De cortinas que se fechavam, vi se
abrirem outras. Que os medos que tenho hoje não são outros dos que me viram crescer.
Que os meus vinte e poucos eu não sinto. Que você crescendo ao meu lado é
exemplo. Quero lhe dizer que não sei. Que ao ter você em meus braços, sinto
como se soubesse, e esqueço os meus temores para ser o seu farol. Que ser o seu
farol, acende um caminho dentro de mim. Quero lhe dizer que ao tentar ensinar
aprendo de novo – ou quem sabe é a primeira vez. Quero lhe dizer o que quero me
dizer. Que você é um amor em mim. É afeto melhorado. Que depois de você a vida
é brincadeira leve. Que o perigo de te ver crescer é um risco doce. Que a sua
respiração me faz voar para bem longe. Que a minha respiração ofegante coloca
vírgulas em mim. Que atropelo as vírgulas em busca dos começos que moram depois
dos pontos finais. Quero lhe dizer obrigada pelas vírgulas. Porque ao lhe
ensinar sobre elas, vou aprender.
Um beijo bom
Titia
Já que elogiar teus textos tem se tornado mera redundância, passei aqui só pra dizer que... sei lá... te adoro!
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