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# pequenos momentos de felicidade

São dias desleais, dias em que nenhum cômodo da casa aguenta mais nenhuma lágrima. Ela tenta ser forte, mas percebe que a cada momento o mundo parece desabar sobre sua cabeça. O que fazer quando tudo parece tão sombrio e vazio? 

 Algumas, das muitas, tentativas de soltar uma gargalhada que venha de dentro, se dá quando ele está por perto. E como uma espécie de farol que guia os navegantes, ele a guia para um terreno macio e confortável, onde as rizadas são verdadeiras e os abraços são envoltos por um amor que ela achava estar extinto. E aí vem a paz. 

O relógio marca 3:37hs, numa madrugada que parecia não ter fim. Já era aniversário dele, e ela não havia comprado presente, não por esquecimento, mas por falta de dinheiro. Como não presentear alguém que é tão importante em sua vida? Vou fazer um bolo, logo pensou. Isso! Um bolo! Ano passado ela tinha comprado um, mas esse ano seria diferente: seria o melhor bolo para a melhor pessoa! 

Levantou da cama às 7:30hs e foi direto organizar os ingredientes necessários. Feito isso, começou a leveza do preparo: bate, liquidifica, separa, mexe, forno... Cozinhar, de fato, é uma terapia. Ao som de Beatles, e misturando os ingredientes do recheio, ela estava feliz. 
Assou dois bolos, preparou um recheio de coco e uma cobertura de chantilly. Enquanto tudo esfriava, ela resolveu ligar pra ele desejando bom dia como de costume, e no horário de costume. 

A tarde foi dedicada a montagem. Descobriu, na marra, que não é tão fácil confeitar um bolo. Mas ela estava numa paciência tão soberana, que nem o perfeccionismo dela atrapalharia.

Hora de se arrumar, as pressas, pois ele já estava quase chegando. E ele não vem sozinho, vem trazendo todo amor e alegria como companhia, os presentes que, sem eu pedir, ele me deu: uma família, que agora é minha também. 

O jantar estava perfeito, o local agradável, gargalhadas e mais gargalhadas, e, no fundo, um som familiar... Eu conheço essa música! Há! Meu querido Nando... Nando Reis para melhorar o que já estava bom. De sobremesa, o bolo! Apelidado carinhosamente de "caixa d'água" pelo cunhado, mas aprovado por todos. Realmente ficou delicioso. E ela observou o rosto de cada um, como quem quer gravar na memória um momento que jamais poderá ser esquecido. 

A despedida... A troca de olhar, o abraço apertado, o beijo de amor, a saudade precoce e um Feliz Aniversário tão verdadeiro que jamais caberia em simples palavras. 

Ela nunca pensou que preparar um bolo fosse ensiná-la que sempre existem luzes prontas à clarear nossa estrada em épocas de escuridão. Agora enxerga, claramente, que é sortuda por ter alguém tão especial e único.

Ela não pôde comprar nenhum presente, então resolveu fazer o que sabe fazer de melhor: cozinhar e escrever... 





2 comentários

  1. Por acaso um dia descobri seu blog, mas não foi por acaso que me identifiquei com ele e me tornei um leitor. Mais uma bela postagem. ;)

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