O cheiro do sabonete ainda estava na pele, mesmo depois de descer a ladeira debaixo de uns chuviscos que perigavam virar chuva, enquanto ia em busca de entrar no carro. Ela notou o cheiro ao tentar tirar um cravinho do seu rosto, e parou porque sentiu o quanto sua pele estava macia. Aproximou seu rosto do dele e inspirou forte, como se estivesse segurando o ar e parando de respirar como nas vezes em que precisa fotografar alguma coisa sem o auxílio do tripé, e faz todo esforço para que a foto não saia tremida. Às vezes treme, ás vezes não. Dessa vez tremeu, e guardou aquele cheiro na memória, assim como tem o do perfume guardado. Parou de pensar no cheiro porque lembrou do cravo que estava olhando e a vontade de tirar era tanta que forçou somente com uma unha para que o artrópode saisse (acha feio, nojento e sente vergonha de tirar cravinhos em público, por mais que lhe dê aquela vontade. Já entre quatro paredes pode tudo). Ficou puxando o cravinho com a unha com a desculpa de que era um pelinho, mas ele sabia o que ela tentava fazer, e nesse instante foi chamada de chata. E isso era felicidade. Mas teve que acordar pra não perder a hora. Correu, entrou no carro e foi para sua casa. Chegando lá, percebeu que todos dormiam, então desistiu de ler aquele capítulo do livro que tanto queria. A impossibilidade de ligar a luz do cômodo, para não acordar ninguém, estendeu imediatmente os pequenos momentos de felicidade no pensamento. Ganhou o dia que acabara de terminar.
Bonita declaração e cheia de suspense.
ResponderExcluirO que de fato realmente aconteceu? Descobertas....
Uma ótima segunda feira pra ti.
Beijo