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Mês de junho tá chegando... SALVE-SE QUEM PUDER!



Aêêêêêêê, minha gente, o mês junino está chegando. Finalmente o mês de junho se aproxima.
Demorasse um pouco mais e cá estaria eu sem unhas e nervos, assolada pela mais profunda crise de ansiedade. Não é uma maravilha essa junina fase? Trinta dias de alegria e pólvora gastas a mancheias. Que beleza, que beleza. Forró no café da manhã, no almoço e no jantar, com direito a uma polquinha fogueteira no lanche de dormir. Tá certo que eu pedi vida boa a Deus, mas assim já é paparicar demais.
O certo é que não vejo a hora de frequentar os Arraiais Urbanos. Não quero perder uma noite que seja. E como poderia? Já me apanho compondo a multidão que se espreme nos parques públicos de espetáculos, babando pelas atrações que ela tanto preza. Adoro a relação entre o Povo e os seus ídolos musicais. O cara e/ou a dona passa o ano TODO frequentando festas com as mesmas bandas, as mesmas músicas embaladas nos mesmíssimos arranjos. E nem pense em esquecer um desses grupos na programação junina: você será alvo do mais intenso e virulento ódio. Mas deixa pra lá... Isso é só um detalhe que em nada deve comprometer a folia.
O fato é que cá estou, eu, toda animada contando os dias pra festa engrenar de vez. As horas se arrastam e não chega o momento de bater o ponto nos ditos arraiais citadinos, mesmo que seja no meu querido e doméstico Xamegão. Aquele monte de gente, toda sorrisos, espremida em exíguo espaço ou disputando uma mesa ou cadeira onde possa degustar uma cervejinha morna com canjica, ao som da última música composta sobre putas, cornos e bebedeiras. Que coisa mais junina, não? Fico toda arrepiada ante a atroz expectativa. E pra quem acha que é só festa, realço um aspecto pouco explorado do tema: É o mês da Família também. Junho marca uma aproximação mais efetiva entre os pais e suas crianças. Como as babás e domésticas passarão metade do período de ressaca e a outra metade gripadas ou com conjuntivite, os pais são obrigados a exercer aquilo pra que foram feitos: ser pais. É outra marca dos nossos arraiais metropolitanos, essa democracia microbiológica. Todo mundo ali apertadinho no forró, compartilhando seus germes, aéreos ou não. Está chegando, finalmente,está chegando o mês de junho. Ainda morno, pois que se está no adentrando. Mas vai esquentar, ah isso vai, pra mais profunda alegria dos que moram defronte ou nas proximidades dos arraiais. Sabe lá o que é morar na cara da festa? Sua casa estrategicamente colocada bem no meio do “frejo”? Morro de inveja desses bem instalados cidadãos. Que sensação não será abrir a porta da frente e dar de cara com a alegria na forma de um atordoado brincante vomitando no seu jardim! E de manhã, findo o samba, pode contar com uma piscina de xixí mesmo ali, na sua calçada, líquido testemunho do folguedo. Mas tá certo, tá certo... Afinal, onde já se viu interromper o bailado pra procurar um banheiro? Pra que perder tempo se a fuzarca só dura um mês???? Então rapaziada, só não se mija no palco porque lá em cima já tem um monte de gente cagando, digo, cantando.
Me enchem os olhos d’água assistir o meu povo feliz, orgulhoso dentro do seu tênis Nike (hand)made in Caruaru e exalando a última tendência da perfumaria franco-guarani. Tudo très chic, certainement...
E tem pra todo agrado. Quem não se dá com a extravagante euforia da massa pode se refugiar em redutos mais, digamos, cults. Ali residem os neurônios. Uma ilha de equilíbrio intelectual neste mar revolto de inconseqüências. É muito agradável esse ambiente vanguard onde você pode ouvir coisas inovadoras como o “Xote Sebastiana”, música gravada nos começos dos anos 50 pelo Jackson do Pandeiro. É instigante observar nossa elite pensante ousar. Mas se nada disso lhe atrai ainda se tem a alternativa das artes cênicas. Um colírio as quadrilhas estilizadas. Que maravilha aqueles rapazes vestidos de Django, as meninas paramentadas a la ‘Oh, Suzana’ reproduzindo os passos de uma coreografia country. Você se sente no Texas de braços dados com uma vaca Hereford.
O fato é que por gostar tanto das festas juninas, por tanto ter o que delas recordar, gostaria mesmo é de dar as costas a isso tudo. Queria viver esses dias enfiada em algum sítio distante, nos calcanhares da serra onde uma fogueira é bem mais que um flamejante e exótico adereço. Onde as pessoas simples se espalham por um terreiro molhado pela garoa de um inverno farto e banhada pelos acordes claros e puros de um fole de oito baixos.

2 comentários

  1. Oi Kerlynha,
    Arraias metropolitanos, democracia microbiológica.
    Sensacional!
    Jackson do Pandeiro é genial, mas o forró arrastado dos últimos anos, infestam os ouvidos de várias pessoas durante o ano inteiro, sendo evidentemente ovacionado durante o mês de Junho.
    Junino, Julino, Agostino, Setembrino, seja lá qual "ino" fôr, prefiro o HINO do rock and roll 365 dias por ano.
    Um beijo e ótima quinta feira pra ti.

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  2. OI Kerlinha!

    Tb adooooro festa junina! Maçã do amor, quadrilha, paçoquinhas... *.*

    Só não me anima o frio que vem com o mês. MAs o festejo... adoro!

    BjoO
    Pri
    Entre Fatos e Livros

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